Stays (1770 - 1790)


Hoje partilho com vocês uma das primeiras peças que produzi com a preciosa ajuda de duas pessoas que me são muito queridas, o Rafael e a Sra. Fátima. 

Tratam-se de uns Stays, uma das peças mais características do figurino feminino para a época moderna. Após participar em vários eventos de recriação histórica de Guerras Peninsulares referentes às Invasões Francesas como popular portuguesa, senti a necessidade de melhorar o meu guarda-roupa de recriadora. E, como é habitual, escolhi começar logo pela peça mais morosa e exigente de paciência.

Comecei por pesquisar inspirações, algo que se enquadrasse na última década do século XVIII, e encontrei esta preciosidade da Victoria & Albert Museum:


Stays (1770-1790), England. V&A.


Trata-se de um Half-Stays, que significa que contêm metade das barbas de baleia que um Full-Stays teria.Adquirida a inspiração, foi altura de procurar moldes. Encontrei na Norah Waugh e no estilista Ralph Pink duas grandes ajudas.


Norah Waugh - "Corsets and Crinolines", p. 42

Depois pensei no tecido. Em vez da seda da peça original queria adaptar para um tecido que uma camponesa ou burguesa do interior de Portugal usaria… o burel. Para o forro da camada do meio usei pano cru de algodão e, para a camada interior um algodão vermelho estampado com pequenas flores brancas (tecido gentilmente oferecido pela Sra. Fátima).


Para a armação utilizei corda de aço plastificada.


Passada esta fase extremamente exigente, da qual muito me valeu a impagável ajuda do Rafael, restou cozer à mão a fita de bainha em todo o contorno do corpete e alinhavar os ilhoses (falar é fácil, fazer é outra coisa). Nesta fase tenho muito a agradecer à Sra. Fátima, porque me fez praticamente todo o trabalho com um perfeccionismo de que só uma costureira profissional da alta-costura consegue.


E o resultado foi este…


E perguntam os curiosos: 


“Então e qual é a sensação de o usar?”

Boa, bastante confortável, por estranho que pareça. É como se estivesse a usar um top justo e um super-push up. Também me revejo na opinião de muitas recriadoras de que é como se alguém me estivesse a dar um abraço apertado.

“E respirar? Consegues?”


Sim!

Ora o grande preconceito criado por Hollywood e por vitorianos machistas que ainda persiste até aos nossos  dias, há que desmistificar! Muito confortáveis, ótimo suporto, e não provoca desmaios.








Burel: Wonatur
Forro, fita de bainha e cordão de algodão: Sonidete Texteis Lar
Fotografias: V&A Museum; Alma & You Photography 

2 comentários:

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