Blue Day Gown - Wrapped Gown II (1810-1814)


Olá a todos!  

     Após ter utilizado  o molde ##130 da LMM num projote anterior, não demorei muito tempo para o querer utilizar de novo. 

    Lembram-se de um "wrapped dress" que fiz em 2017? 

    Bem, esta nova versão de day gown que acabei de produzir é mais correta para o virar da primeira década (de 1810 a 1814). Umas ligeiras alterações nos moldes da saia e na decoração do vestido permitem identificar essa diferença (não esquecendo as mangas), mas já lá vamos.

    Comecemos pela inspiração...

V&A Museum, Gown, 1795-1799 (block printing), ca 1810 (sewing)


    Este vestido da Victoria & Albert Museum, costurado por volta de 1810, utiliza um tecido de algodão com motivos florais estampados, ao estilo indiano, que se popularizou no final do século XVIII. Esta "reciclagem" de materiais é bastante comum ao longo da história da moda (algo que só recentemente reaprendemos a aplicar aos nossos dias). 

    Apesar do tecido ser "vintage", vemos um day gown plenamente integrado na moda da primeira década do século XIX: mangas compridas para o dia-a-dia, cintura mais subida, costas em formato diamante, e saia tendencialmente mais cheia graças aos painéis triangulares unidos por pregas nas costas.

    Tomada a inspiração, decidi aplicar o mesmo conceito de reciclagem com um tecido que há muito tempo tinha guardado, uma cambraia de algodão, muito fina e transparente (surpreendentemente próxima do muslin), com fundo azul escuro e motivos florais estampados a branco. Se o padrão vos parecer familiar, não estranhem, trata-se de uma versão em azul do mesmo tecido que utilizei para o wrapped gown I de 2017!

    Em relação à confeção, utilizei como base o molde da LMM que atrás mencionei com umas ligeiras alterações: os padrões da saia traseira tornei-os ligeiramente mais largos na base, para criar mais volume; e apliquei decorações franzidas com faixas do próprio tecido em torno dos punhos das mangas e na bainha da saia, algo que se torna cada vês mais comum  após 1810 e se generaliza com decorações mais pesadas a partir de 1815.

Método de fecho interno do day gown.




O que acham? 
    Posso dizer que  é confortável, fácil de usar e ... fresquinho que é algo muito desejável nesta altura do ano.







Tecido (algodão estampado e linho para forro): Miketecidos






The Red Redintoge (1798-1813)

 Olá a todos!  

     Lembram-se de eu ter mencionado no post anterior que andava a planear fazer um redingote?  Especificamente utilizando um maravilhoso burel fino vermelho que adquiri da Woonatur? Bem talvez isso não tenha contado, mas de certeza que esta gravura vos é familiar... 

Costume Parisien (1811). Journal des dames et des modes.

Já andava a matutar neste projeto há muito tempo. Tomando esta fashion plate como inspiração, desenhei o meu molde a partir  do #130 da Laughing Moon Mercantile, uma marca que, pela sua qualidade, já me habituou a confiar na produção de peças de vestuário histórico.

Já me é muito mais fácil produzir estas peças do que no início deste blog. Fazendo uns ajustes que incluíram adaptações das pinças junto ao peito, a mudança da saia franzida nas costas para pregas (ao meu gosto), a aplicação de um forro em seda vermelha,
 sem esquecer os colchetes internos para o fecho, o redingote ficou rapidamente concluído.






Simples, mas para uma cor tão vibrante e quente, não achei que fosse necessário muitos mais elementos (para além da capa amovível, claro).


Uma comparação lado a lado (sem a capa).

Então, o que acham? Ainda não cresceu o bichinho da moda histórica a vocês? 








Burel: Woonatur
Seda (forro): Cisuli Silk-Fabric Store (Aliexpress)
Colchetes e linha: Arte & Lã Retrosaria (Guarda)



The Icy Hat with Stalactites (1811)


Olá a todos!  

     Nestes tempos estranhos tenho realizado projetos ora mais básicos (saias para o dia-a-dia tipo new look de 1947, uma nova chemise, chemisette), ora mais exigentes (o spencer vermelho), que me têm permitido manter ocupada. Desta vez, queria fazer algo mais simples, ou pelo menos assim eu o pensava! 

    Comecei relativamente à um mês a trás a sentir saudades de fazer um novo chapéu, utilizando desta vez conhecimentos que ganhei num curso online e também em alguns livros que adquiri recentemente. Comecei por reunir todos os materiais necessários, incluíndo a minha estreia de trabalho com buckram, uma espécie de entretela que seria o núcleo sólido do que viria a ser a base do chapéu.

    Passei à caça de inspiração! Um pouco por acidente, porque estava à procura de uma gravura de 1810 que mostrasse um redingote feminino em cor encarnada (um futuro projeto), deparei-me com esta gravura de Dezembro de 1811.


Costume Parisien (1811). Journal des dames et des modes.

    Fiquei maravilhada! Com o redingote, a data próxima a eventos em que costumo participar, e claro o peculiar chapéu! Bastante complexo em termos de decoração, mas simples no modelo de base. A cor marfim facilitou-me, já que tinha guardado no meu "pequeno/ grande" armazém de tecidos uma seda tafetá exatamente do mesmo tom.  

    Derivada da minha pesquisa  prévia, optei por um molde da Timely Tresses - Historic Millinery, especificamente o modelo de Ophelia Bonnet, formas para 1810 a 1820. Recomendo profundamente este site, e a autora, Dannielle Perry foi extremamente simpática e prestável com todas as minhas dúvidas! 

    O molde vinha com instruções, e foi bastante simples chegar à primeira forma do chapéu. 


    Optei pela aba mais larga disponível (Brim 3), e a coroa e topo correspondente ao modelo stovepipe direito. O passo seguinte consistia em forrar todo o chapéu com flanela de algodão, de forma a alisar qualquer imperfeição da base de buckram.


    De seguida, passei para a seda. No topo da coroa, tal como a gravura, realizei a técnica de fuxico prévio, distribuindo o franzindo por toda a área do círculo.  Depois de forrar todo o chapéu com a seda, passei para a questão complicadíssima da decoração. 


    Não foi preciso inventar muito,  mantive-me o mais próxima possível da figura original. Comecei por fazer as tiras de "estalactites" que se chamam "Van Dyke scollops", uma decoração em zigzag muito típica da última década do século XVIII e que se prolongou pelas primeiras décadas do século XIX. Podem ler mais sobre o assunto aqui.

    Foi fácil coser os estalactites ao topo da coroa, mas não foi tão simples nas extremidades da aba, levando o seu tempo. Não ficou perfeito, mas estou satisfeita com o resultado final.

    Na figura original não se observa o lado esquerdo, pelo que só posso adivinhar o aspeto do laço, e aqui tomei a minha liberdade "artística" (se é que se pode dizer). No final, apenas faltava coser um forro de algodão fino no interior.

E este é o resultado final...







    Por ser todo em branco, acaba por ficar bem com qualquer flor com que queira decorar ou vestuário com que queira usar. É um chapéu versátil, e era essa a minha intenção! 

Algo me diz que este é apenas um de muitos futuros chapéus.








Buckram, fio de seda e arame de millinery e bagas decorativas: Artipistilos Millinery Supplies
Tecido de seda: Rittus (Guarda)
Tecido de forro, fita de viés em cetim: Camilo (Guarda)





The Red Spencer (1810-1820)


Olá a todos!   

    Faz um ano em que iniciei um dos projetos que já tinha na minha "wishlist" desde que comecei os meus trabalhos de costura histórica. 


Spencer, ca. 1820. The Metropolitan Museun of Art.

    Trata-se de um spencer datado de 1820, feito em seda rosa creme, com bordado em soutache em motivos florais. Adorável, não é?

    Bem, tive a sorte de acumular vários metros de tecido de seda tafetá antes do confinamento, sendo um deles a seda vermelha que já anteriormente tinha utilizado para produzir este bonnet. Por estranho que pareça, é uma cor que não costumo trabalhar (talvez por ser tão impactante), apesar de a adorar, por isso decidi experimentar.

    Comecei por desenhar o molde tendo como base a Laughing Moon Mercantile (#129), que já antes tinha utilizado para produzir este spencer. Ora, isto exigiu algumas adaptações, já que o molde inicial consistia num wrap spencer, com abas sobrepostas, sendo necessário modificar para um fecho central e, por consequência a própria gola (que foi mais fácil dizer do que fazer!).  

   Mas bem, passada essa fase comecei a desenhar o meu bordado diretamente sobre o papel vegetal do molde. Acabei por me aperceber que a peça de museu terá sido feita, muito provavelmente, para uma pessoa de mais baixa estatura do que eu  (afinal eu tenho 1,82m!), já que me apercebi que tinha muito mais espaço para bordar do que no original do museu, isto mesmo apesar de a cintura de 1820 já se observar uma ligeira descida da dita cintura império, que terá atingido os seus máximos no final da década anterior.


  
    Para bordar, tive a sorte de conseguir arranjar um cordão de cetim no mesmo tom de vermelho que o tecido.


   Não foi difícil copiar o bordado da peça de museu, mas ao chegar á zona dos ombros, junto da gola, tive alguma dificuldade. O colarinho da peça de museu é muito mais baixo e amplo do que o que eu estava a desenhar , e por isso tapava o bordado existente junto dos ombros. Como não era visível, optei por fazer um final do bordado ao meu gosto, tentando respeitar a "temática" da restante peça.


     Depois deste longo processo, realizei o molde das mangas e adaptei o bordado com o mesmo motivo que iria utilizar para o meu colarinho mais subido, mas com um bordado muito próximo do estilo da peça de museu. Por fim, juntando todas as peças com o forro em algodão vermelho, o resultado foi este.


    Na costas, ao contrário da peça de museu (que se observarem no link da imagem, não possui nenhum bordado) optei por um motivo simples mas concordante com o que já tinha utilizado para o colarinho e mangas. 

Voilá!

    Foi, sem sombra de dúvida, um dos projetos mais trabalhosos que fiz, mas muito compensador. Estou feliz com o resultado final. Bem me  apetece pegar em peças que anteriormente fiz e complexificá-las um pouco mais com bordados. 

Ideias não faltam...








Tecido de seda e forro em algodão: Rittus (Guarda)
Fotografias: minhas e do Rafael.






White Gown (1800-1810)


Olá a todos!

Depois da minha primeira experiência com moldes da Laughing moon mercantile (aqui), fiquei em pulgas para pôr em prática o Pattern #126, um vestido império que conseguiria vestir sozinha! 

É o "bib ou apron front dress", um vestido que aperta à frente, acima do peito e também na cintura (se assim se optar), utilizando botões ou colchetes, e uma fita de apertar nas costas. Esta é uma das várias formas de "entrar" num vestido império e, espero que no futuro possa experimentar todas as variâncias de estilo, já que existem umas muito curiosas.

Em tecido, optei por uma cambraia 100% algodão, de grão fino, sem ser demasiado transparente. Para uma próxima vez vou tentar procurar mais afincadamente por um tecido de muslim, tão ligado a esta época, mas que de facto não é muito fácil de encontrar nos nossos dias.


Como eu já tinha nos planos utilizar este vestido como a "base" do meu "regency look", optei por deixar as costas limpas, para poder usar com várias outras peças.

Também fiz um par de mangas amovíveis (com apontamentos de linho franzido nos punhos). Mais um ponto de versatilidade, sendo ideal as mangas compridas para um morning/day gown, e as mangas curtas para uma base de um ball gown que se usaria à noite.









Tecido de cambraia algodão e linho: Mike tecidos
Botões madre-pérola: Arte & Lã (Guarda) 

Regency Short Stays (1790-1820)


Olá a todos!

Estou de volta!

Depois de uma longa ausência voltei para mostrar o que tenho andado a fazer. Recentemente produzi um corpete em dois dias! Sim, dois dias apenas. 


Book of English Trades (1811) reeditado em 1824.
Fonte da imagem Wikimedia Commons

Trata-se de um Short Stays, de inícios da Regência. 


Baseei-me nos moldes da Sense and Sensibility "A Regency Underthings Pattern" e utilizei apenas 50cm de tecido de agodão branco, fita de viés, e braçadeiras de plástico com 0,5cm de largura (uma estreia). 



Acrescentei duas linhas transversais a partir do início do peito até ao centro de bodice, de forma a conter as "meninas" no lugar, um sistema que ainda hoje é utilizado nos soutiens modernos.


Deixem-me dizer que estou bastante satisfeita com o resultado. É muito confortável, oferece mais liberdade à volta do abdómen em relação à versão longa que podem ver aqui e, acima de tudo, mantêm a forma essencial da cintura império.


Frente.


Costas.

Centro com fecho em ilhoses.

Acabado de fazer para estrear num evento próximo... agora é pensar num day dress.




Soon...very soon.












Tecido de algodão, linhas e fitas de viés: Retrosaria Camilo (Guarda Gare) 

Embroidered Pocket (1790-1800)



Olá a todos... De novo!


Desde o início deste ano que tenho andado inspirada para bordar. Tive a ideia de preparar uma série de bolsos bordados para algumas das minhas amigas da recriação histórica. 

Comecei por procurar inspiração. Encontram-se uma grande variedade de bolsos do século XVIII, originais e reproduções, com os mais diversos formatos de bordados. O molde dos bolsos tende para o formato de lágrima. Os motivos decorativos são frequentemente florais e lanceolados, mas também datas e nomes.


Pocket (1796). The MET Museum

Também no blog da American Duchess disponibilizam um molde com bordado para este género de bolsos (ver aqui).  

Depois de me inspirar, decidi desenhar o meu próprio molde de bordado. Depois optei por seguir o molde #132 Ladies Bodiced Pettitcoat, Bum Roll & Pockect (1800-1825), vista D.

Comecei assim por aproveitas alguns retalhos de burel que tinha por casa. E iniciei o trabalhos de bordado. 

Moroso! Mas os resultados falam por si...




Terminado o bordado, passei para a fase da costura. Comecei por cortar com o mesmo formato o tecido que iria servir para o forro, um algodão em tom creme.  

De seguida, utilizando uma fita de viés, comecei por unir as dois tecidos (o burel e o forro) no rasgo central do bolso. Um trabalho delicado, mas que com a prática consegui aperfeiçoar.


Por fim, restou unir as duas restantes camadas de tecido com a fita de viés em toda a volta, sem esquecer o cordão em cada lado do bolso.

E Voilá!


E aqui estão mais dois bolsos que fiz, agora entregues em boas mãos.










Tecido de algodão (Forro) linhas e fitas de viés: Retrosaria Camilo (Guarda Gare) 
Linhas de bordar: Anchor

Blue Day Gown - Wrapped Gown II (1810-1814)

Olá a todos!          Após ter utilizado  o molde # #130 da LMM  num projote anterior , não demorei muito tempo para o querer utilizar de no...