Regency Riding Corset (1800 - 1820) - Parte I


Olá a todos!

Mais uma vez, cá ando a fazer das minhas...

La Fureur de Corsets (1809)

Seguindo o conselho de duas recreadoras que eu muito admiro, decidi recentemente atirar-me de cabeça para um novo projecto - um Regency Corset! 

Depois de produzir os meus primeiros Stays (1770 - 1790) fiquei um pouco mais confiante de que poderia mais tarde aplicar os conhecimentos que aprendi (graças à Dona Fátima). E esse dia chegou!

(1800 - 1820), Kyoto Costume Museum

Corset (1811), MET Museum.

Stays (1825 - 1835), MET Museum


Eis alguns exemplos do que estou a falar. Estas peças de museu representam o que uma senhora de vestido império usaria para atingir a silhueta idealizada. Trata-se de um corpete deveras único em comparação com outras épocas históricas, já que eram desenhados não tanto  para modelar o torso, mas sobretudo para elevar os seios, revelando desta forma a cintura império. O vestido usado com este corpete, cairia de uma forma longa e  linear, assemelhando-se a uma coluna - O ideal de beleza na época!

É engraçado notar que em termos históricos estamos a falar de uma diferença de entre duas gerações:

  • A mulher de 1780 usaria um full-stays ou half-stays;
  • Já a sua filha, em 1810, usaria um regency stays, curto, transicional ou longo (também chamado corset).
Consoante a idade, o corpo e as preferências pessoais, uma jovem rapariga de 14 anos usaria poucas barbas no seu corpete. Bastariam 2 pares de cada lado do fecho com ilhoses, podendo recorrer a um busk para usar à frente. Uma mulher menos jovem, já necessitaria de um regency corset longo, que eliminava a mal-afamada barriguinha,  recorrendo a muitas mais barbas, assemelhando-se muito a um full-stays do século XVIII.

No meu caso optei por seguir o molde da Mantua Maker que aconselhava mantermos-nos entre os dois casos - Como por cá se diz, "Nem 8 nem 80!". Isto quer dizer que segui a opção de colocar ao todo 10 barbas e um busk!

E mãos à obra!





Gussets no busto.


Na primeira fase do trabalho completei e uni todas as costuras pertencentes ao forro. Utilizei um algodão fino, muito macio. Adquirido o jeito de coser as gussets (os triângulos inseridos nas ancas e no busto)  foi mais fácil e seguro trabalhar de seguida no tecido propriamente dito.


Comecei por cortar o tecido gentilmente cedido pelo Rafael, um brocado azul, espesso, ideal para este tipo de trabalho. Foi relativamente fácil conjugar o padrão do tecido com as indicações do posicionamento do molde.


Feito isto, cortei simultaneamente uma camada intermédia de algodão que vai posicionar-se entre o primeiro tecido brocado e o forro de algodão.


Unidas todas as partes laterais, foi altura de unir as gussets do busto e ancas ao corpete. Esta é uma parte que é considerada um bocadinho difícil para algumas recreadoras. O que talvez achei mais desafiante, foi o facto de estar a coser com linha branca, o que significa que o trabalho das costuras nos canais para as barbas e sobretudo as gussets do busto, deveriam ficar idênticas umas às outras, já que ficam bastante visíveis. 

This is what I am talking about!

Depois de umas asneiras ditas e feitas na máquina de costura, lá consegui fazer as gussets semelhantes umas às outras. E o resultado por agora é este...





 Próxima fase:inserir e coser as barbas!
Mais asneiras vão ser ditas e feitas, isso é uma certeza!







Tecido de Algodão e linhas: Retrosaria Camilo (Guarda Gare)


Walk in a Wrapped Dress


Olá a Todos!

Venho mostra-vos algumas imagens de um pequeno passeio que dei com o Rafael pelo Poço do Inferno, em Manteigas, junto à Serra da Estrela ... Vestida à época escusado será dizer. 














Aqui podem encontrar os tutoriais de algumas peças que estou a usar:

Confesso que não tenho tutoriais do guarda-sol (produzido pela minha mãe) e do colar de contas (produzido por mim) que estou a usar, dado que são objectos que foram feitos antes de ter a ideia de criar este blog. No entanto, em breve poderei disponibilizar fotografias pormenorizadas desses acessórios.


Fotografias: Rafael Sanches (obrigada!)






Wrapped Gown I (1798 - 1810)


Olá a todos!


Volto a partilhar convosco mais uma criação do guarda-roupa histórico, desta vez um vestido de dia-a-dia império. Tudo começou quando comecei a pesquisar sobre vestidos de musseline de algodão, e apaixonei-me pelo estilo "wrapped dress".


Fashion Plates (1798)

Digital Archive of the Kyoto Costume Institute (1795-1800)

Crossover Gown (1804) in Jane Ashelford, The Art of Dress: Clothes and Society 1500-1914

Reúno aqui alguns dos exemplos, tanto fashion plates como duas peças de museu de proveniência distinta, que me inspiraram. A partir destas imagens podemos reparar que eram usados dois métodos de apertar o vestido, tanto à esquerda como à direita.  


Também a Norah Waugh me forneceu (como vem sendo habitual) uma preciosa ajuda em compreender a mecânica desta costura "alien" como costumo dizer. Foi na obra The Cut of Women's Clothes 1600-1930 que encontrei este open gown com fecho wrapped.



Norah Waugh, The Cut of Women's Clothes 1600-1930, p. 155


Passei depois à procura do tecido ideal. Não foi necessário procurar muito. Mais uma vez a Mike Tecidos salvou o dia. Trata-se de um tecido 100% algodão, extremamente macio e transparente tal e qual como o musseline de época seria. A adorná-lo identificam-se subtis motivos florais e cornucópias em branco sobre fundo creme.

Fotografia de Mike Tecidos



E mãos à obra!

Optei por seguir o molde da Laughing Moon Mercantile: Ladie's Wrapping Front Gown c. 1798-1813, porque me oferecia as costas em forma de diamante mais largas do que o molde da peça de museu da Norah Waugh, que aliás é de 1797. O que eu pretendia era um vestido mais típico de 1800, mantendo as meias-mangas. Decidi que também contemplaria as aplicações bordadas ao longo da bainha da saia, mangas e decote, prolongando-se frequentemente ao longo da barra lateral da saia frontal.

E o resultado foi este...




Este pormenor nas costas foi um acrescento posterior, que achei necessário dado que a barra do cinto que fiz com o mesmo tecido do vestido estava constantemente pendente, fazendo com que a cintura do vestido império descaísse para a cintura dita "normal". Estes rolinhos foram feitos a partir da mesma barra de renda que utilizei para as mangas e decote. Trata-se de uma renda de algodão,  em tom cru, muito semelhante à que apliquei na bainha da saia, esta mais larga. 






Tecido de Algodão: Miketecidos
Renda de algodão : Flying Tiger
Linha: Retrosaria Arte&Lã

Fotografias: Rafael Sanches

Blue Day Gown - Wrapped Gown II (1810-1814)

Olá a todos!          Após ter utilizado  o molde # #130 da LMM  num projote anterior , não demorei muito tempo para o querer utilizar de no...